domingo, 11 de setembro de 2011

13- A ÁRVORE AMIGA

A ÁRVORE AMIGA

Capítulo aberto á criatividade, especialmente adequado para quem possa entrar no tema da consciência do Reino Vegetal e da comunicação com ele.

ARGUMENTO DE FUNDO:
Anónimo Anónimo

Eurídice continuava sentindo-se com total liberdade para ajudar na organização e asistir às cerimónias das orgías sagradas da primavera, onde as Sacerdotisas-Ninfas invocavam a potência fertilizadora da Grande Mãe para as terras do país, ainda que, à hora em que as ninfas elegiam aos seus fecundadores entre a fileira de varões expectantes, para unir-se depois ritualmente com eles sobre o surco do arado ou sob a sombra dos frutais, ela punha todos os seus pensamentos em Orfeu e preferia se retirar sozinha a sua árvore preferida.

Porque igual que faziam as Ninfas Hamadríades das lendas, ela tinha escolhido como amiga a uma das árvores. Esta era uma faia colossal muito próxima à cachoeira, que tinha um grosso galho baixo e curvo à altura do seu peito, ao qual era fácil se subir.
Deixando-se acunar pela árvore naquele regazo seu que se parecia com os braços de um pai, contemplava como caíam, sonoras, as águas, desde a montanha à lagoa. E falava com o Deva que a animava do divino e do humano, especialmente durante aquele tempo que seu coração sentiu como o mais longo e lento de sua vida, o tempo que lhe levou a Orfeu sua aventura junto aos gregos na Cólquide, e o tempo, sentido como muito maior, de todas as voltas que eles tiveram de dar para escapar à vingança dos colquídeos, que os perseguiram em naves de guerra,

Eurídice falava com sua árvore amiga como se a alma-grupo das faias fosse um deus bondoso que podia proteger a seu amado, estiver ele onde estiver, já fosse navegando nas águas do Mar Egeu ou do Negro, ou enfrentando-se ao perigo nos confíns orientais do mundo .

Durante aquele tempo que parecía não passar, a árvore foi sua confidente e seu consolo; quando estava triste ou melancólica deixava-se adormecer no seu galho, arrulhada pelo fragor da cachoeira. Levantava-se depois sentindo-se recarregada de energia dévica e de esperança e não deixava nunca de lhe dar um longo abraço ao grossso tronco, antes de se despedir.

Desde crianças, as Dríades tinham sido instruidas pelas Sacerdotisas-Ninfas no conhecimento, compreensão, colaboração, comunicação e até identificação de sus próprias almas com as almas-grupo ou consciências angélicas e dévicas que animavam o mundo vegetal, do qual as grandes árvores eran consideradas as mais evolutivamente avançadas, entre  as manifestações daquelas mónadas no mundo da forma vegetal. Eram verdadeiras antenas que captavam as melhores energías do Cosmos para transmiti-las ao planeta Terra e a todos os seus habitantes.

As Ninfas diziam que a Lei Cósmica do Amor consite em que, neste universo feito de de Pura Consciência Ativa, veiculada em formas em transformação, as consciências de maior desenvolvimento devem cuidar das que tem menos, se  elas querem, a sua vez, ser ajudadas a galgar degraus evolutivos superiores pelos espíritos sutís que já conseguiram acessar a eles.

Diziam também que, assim como os seres sutís elementares cuidam das plantas uma a uma, entidades de consciencia maior os dirigem e cuidam em grupo de cada espécie. Assim como existe um espírito puro (ou sem personalidade nem livre alvedrío) que é o Eu Superior ou a conselheira Voz da Consciência de cada pessoa encarnada, isso que os mesopotámicos chamavam Anjo Guardião, também hai um Alto Anjo que vela pela preservação do arquetipo de cada nação e de facilitar a realização da missão que cada povo tem no Plano Evolutivo Planetário.

 Ainda mais, um nível de Espíritos Puros mais próximos em vibração à Fonte Original, os Arcanjos, que nós, trácios, e os gregos chamamos os Kabiri ou Kabiros, em colaboração com Mestres Ascensionados, ou seja com as mónadas que ja passaram pelo Reino Humano da Superfície da Terra e o transcenderam, cuidam juntos, com o título de “Jardineiros do Universo”, de cada uma das raças e subraças monádicas e humanas nas que vão encarnando as almas que, antes de fazé-lo em corpos de homens e mulheres, já passaram muito antes por evoluções em corpos animais, vegetais, minerais e elementares.
Da mesma maneira, os Altos Pitris ou Devas da Natureza preservam o arquétipo e  facilitam a missão de cada espécie ou subespecie animal, vegetal ou mineral.

Ajudada por sua sábia mãe, Eurídice tinha conseguido desenvolver um alto grau de comunicação intuitiva com varias delas, muito especialmente as que animavam às faias, carvalhos, pinheiros, cedros, ciprestes  e castanhos. Também entendía-se muito bem com os Devas dos loureiros, oliveiras, salgueiros, chopos, amendoeiras macieiras, pereiras e cerejeiras, e com os de todo tipo de canas e bambús. Seu grupo de companheiras Dríades, as “Jardineiras do Bosque Sagrado”, por toda parte que íam, replantavam, ademais, roseiras e iris silvestres de todas as cores e formas, às quais chamavam “as jóias da Deusa”.

É claro que os Devas não falam com palavras e frases de língua nemhuma nem possuem um corpo mental semelhante ao dos humanos desenvolvidos. Eles são pura sensibilidade e, através dela, ressoam no interior de quem tem, também, outra boa sensibilidade e, sobretudo, um verdadeiro amor ativo e reverente pela Natureza.

“Quando tu não tinhas nascido ainda, mas estavas começando a ser gestada no meu ventre –contava sua mãe-  eu já tinha uma enorme comunicação contigo, através do meu amor por ti, ou seja, a través da Deusa, que é a Luz Imaterial Viva  que deu forma e sostém a todas as aparentes unidades de existência material, para cada uma delas servir ao conjunto, tal como as inumeráveis ondas servem à conformação e movimiento da superficie do Oceano Único.

Eu cantava baixinho quantas canções sabía para ti, porque a vibração do verbo amoroso  penetra e influe positivamente em todas as dimensões, isso é o que se chama orar. È desta mesma maneira reverente, devota, orante  e concentrada que tu podes comunicar-te com a emanação da Grande Mãe que anima qualquer planta, qualquer ser, com a chuva, com as pedras, porque por trás de quanto existe há sempre um aspecto da Mãe Divina que te responde se tu a invocas… Te responde dentro de ti e não fora, e claro, porque também é Ela quem conforma tua Mónada e quem criou a forma que a veicula neste plano.”

-Mãe Divina, me responde…-Invocava Eurídice abraçãndo a faia- o que é isto de amar… Como pode haver uma contradição entre meu amor por Orfeu, meu amor por minha mãe, meu amor pela Natureza e pelo bosque sagrado e meu amor pela Diosa… Como pode, si é o mesmo sentimento de consagração e entrega incondicional o que arde no meu coração

As “Jardineiras do Bosque Sagrado”,
Versus os Jardineiros Reais
 
A árvore ganhou seu maior abraço quando ela veio correndo uma tarde, após ter recebido a um mensageiro de Ptía, que lhe contara que os Argonautas tinham conseguido retornar com o Vélado d´Ouro e com Orfeu vivo, enteiro e cheio de glória. Ele mandava dizer que amava Eurídice mais que nunca e que a viria a ver, antes que a ninguém, assim que regressasse a Trácia.
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