segunda-feira, 12 de setembro de 2011

37 (1)- A LINHAGEM DE PYRENE

A LINHAGEM DE PYRENE      



Assim, Orfeo pôde escutar, em simples mas muito lindos e sabrosos versos de romance popular, que mais tarde pôde entender melhor, o relato de como seu antigo camarada argonauta (ali também conhecido, apesar do longe que estava Iberia da Grécia) recebeu, enquanto estava ao serviço de Euristeo de Tirinto, uma ordem do tirano baixo cuja obediência lhe tinham posto os Deuses (como condição purificatoria de suas culpas), para que fosse ao remoto Occidente a arrebatar ao gigante Gerión seu rebanho de vacas e bois vermelhos.
Euristeo de Tirinto odiava a Hércules. Ao princípio florescia de orgulho de poder mandar nele por ordem direta de Zeus, através do Sumo Sacerdote olímpico. No dia que o herói veio a se inclinar ante seu trono e a se pôr humilde e incondicionalmente a suas ordens, se sentiu o mais importante e poderoso monarca do Mediterráneo.
Mas aquele servo não podia ser humilde por muito sinceramente que lho propusesse. O maldito não deixava de triunfar com a maior brillantez, façanha depois de façanha, por muito duras que fossem suas condições, e o povo o idolatraba.
Quando apareciam juntos em público, não tinha vítores mais que para ele, e isso fazia se sentir diminuído ao rei da muito potente e agressiva cidade-estado aquea, filho do famoso herói Perseo. A cada vez que pensava em Hércules se sentia mais mediocre ainda do que em realidade era.

Seu servo lhe eclipsaba. Pelo qual lhe ordenava missões a cada vez mais difíceis, com a esperança de que por fim fosse derrotado e humilhado, ou eliminado.       Seus informantes disseram-lhe que o tal gigante Gerión do remoto Occidente (filho de Crisaor e Calírroe, cujo pai era Oceano, titán procedente de Vénus, segundo o mito) que era forte e brutal como um tifón, que tinha três cabeças e seis braços, e que tinha vencido e enterrado a muitos heróis.

Quando Hércules, sem amedrantar-se, cruzou os mares uma vez mais e conseguiu chegar aos Pirineos (que ainda não se chamavam assim), pôde averiguar que o que se dizia na Grécia do gigante Gerión tinha sido deformado, como sempre, pela boca a boca, a imaginación e a distância, e que não era verdade que tivesse três cabeças nem tantos braços, senão três poderosos exércitos que, partindo de Tlantesos, seu reino do Sur de Iberia, com capital na ilha Erytia, tinham ido dominando com força avasalladora os outros três pontos cardinales de Iberia.

Ante tal poderío, Hércules buscou a aliança dos íberos do norte que ainda oferecessem resistência ou que desejassem libertar do conquistador e foi bem como os primeiros resistentes aos que se uniu acabaram o levando a ver a sua princesa Pyrene, em um lugar escondido no coração da cordillera.
O grego ficou surpreendido ante a beleza de formas e a majestade daquela jovem alta, de longa cabellera loira sobre sua pele dourada, que, ainda que só reinava sobre um remoto acampamento de rebeldes médio desesperados, muitos deles feridos e bastante carentes de meios de combate, dava a impressão de que ainda se achava na mais nobre e civilizada dos cortes, descendente de uma antiga, rica e muito evoluída cultura.

Após receber-lhe com a maior dignidade e enquanto compartilhavam com ele o pouco que tinham, a aristocrática Pyrene contou a Hércules que era filha do assassinado rei Bébrix, descendente de Túbal, cuja família vinha diretamente da linhagem dos antigos reis Toltecas da Hesperia Branca, “Terra do Entardecer”, um dos dez estados que conformavam o império oceánico de Atlantis, que tinha sido a mais refinada civilização mundial durante a passada Quarta Era dos Titanes.

Ante seu interesse, ela foi-lhe explicando, com relatos que depois foram confirmados e ampliados por seus parentes mais próximos, como os antigos Atlantes, seus antepassados, filhos de Poseidón e de Clito, tinham sido civilizados pelos deuses Titánicos, muito dantes de que existissem os Olímpicos.


O avô de Pyrene, Túbal, contava-lhe quando era menina que
da união do Deus Pai do Céu, Urano, com a Deusa Mãe da Terra, Gea ou Gaia , tinham saído, em primeiro lugar, os sete Demiurgos planetarios que a todo deram caráctes com a emanação de seus sete raios, depois, os Titanes do céu, da terra e do mar. Todos aqueles seres eram emanações ou aspectos do Único, mais simples ou mais complexos.

Gea governou o universo com o amor, o rigor e a harmonia com que uma mãe governa seu lar, durante milhares de séculos. Seus primeiros filhos eram espirituais e puros, e ficaram habitando, até hoje, as dimensões mais sutis de nosso mundo, dedicados a criar arquétipos para o desenvolvimento evolutivo do planeta.

A segunda geração tinha corpos etéricos, porque seus seres eram puras energias, que vitalizaram os níveiss elementares de um planeta ainda demassiado convulsionado para permitir a sobrevivencia de outro tipo de corpos.

A terceira foi a dos titanes, já encarnando em invólucros de carne e ossos e que acabaran se diferenciando em dois sexos complementares, como os dos os homens e mulheres que hoje conhecemos, ainda que eram muitíssimo mais altos, fortes e dotados de grandes poderes.

Contando com a ajuda e guía dos mais avançados espíritos que tinha produzido o ciclo evolutivo anterior, ao longo de muitíssimos milénios foram capazes de ir desenvolvendo uma espléndida civilização mundial, porém,, como todas as civilizações, viram chegar sua corrupção após seu cénit, ao trastocar-se os valores e imperar o vício e a magia negra, o que também afetou a Urano, para grande desagrado de Gea.

Passou o tempo e a decadência e a degeneração aumentavam. Urano, perdida sua conexão com a Fonte e obsedado pela lujuria, já só era capaz de engendrar monstruosos gigantes centímanos e cíclopes bem rudos no sofrido ventre, sempre virgen e fecundo da Deusa. Quando ela protestou e o recusou, ele se voltou tiránico, encerrou a seus horríveis filhos no profundo do Tártaro e a forçava a cada vez mais, para poder seguir descargando nela sua envilecido desejo.

A Mãe do Mundo chamou então em seu auxilio a seu mais querido filho, Crono, quem, apoiado pelos outros titanes, pôs fim ao tempo de seu pai mutilando seu poder gerador com uma foice e sentando o início de uma Nova Era na que reinou em companhia de Rea, o aspecto ninfa de Gea, que formou os cinco Dáctilos com os dedos de seu novo esposo para que a servissem, e os fez guardiães e cronistas de seus Mistérios Kabíricos na montanha sagrada de Samotracia.

Mas o castrado Urano amaldiçoou a Crono, dantes de diluirse no éter e o esquecimento, com a profecia de que também um de seus filhos lhe destronaría. De modo que, muito cedo, os remordimientos e o temor o enloquecieron e acabou degenerando como seu pai: devorava a seus filhos assim que Rea dava-os a luz.
Engulló a Hestia, Démeter, Hera, Hades e Poseidón. Isso o aficionó ao sangue e começou a exigir sacrifícios humanos a seus súbditos, que seus sacerdotes, ocultos depois de horríveis máscaras gorgónicas, realizavam a dúzias no alto de pirámides escalonadas, com o pretexto de que se não se alimentava com sangue humano aos deuses, estes não poderiam sustentar a continuidade da vida no mundo.
Rea, horrorizada, decidiu acabar com aquilo e o enganou, lhe dando a engolir uma pedra envolvida em pañales em lugar de seu sexto filho, Zeus, ao que criou bem oculto em Creta.

Quando Zeus se fez homem, apaixonou-se da titánide Metis, personificación do aspecto  sabedoria da Antiga Deusa, que lhe aconselhou uma argucia: após conseguir que sua mãe nomeasse-lhe  copeiro de Crono, lhe administrou uma pócima que obrigou-lhe a  vomitar todos seus irmãos, quem, como eram imortais, saíram já adultos de seu ventre, por trás da pedra do engano.

Então escaparam todos juntos, se atrincherando em uma alta montanha chamada o Olimpo, onde conseguiram, com o tempo, que se lhes fosse unindo um pequeno exército formado pelos cíclopes e os gigantes de cem mãos a quem libertaram do Tártaro e por todos aqueles que estavam fartos da loucura de Crono, e iniciaram contra ele uma guerra impiedosa, como todas as guerras civis, que durou muitíssimos anos, já que a maioria dos titanes seguiam-lhe  sendo fiéis.

       Os dirigentes Crónidas, todos eles bastante velhos e decadentes, buscaram entre seus netos um caudilho jovem que opor aos Olímpicos, e foram encontra-lo na pessoa de um filho bastardo que tinha engendrado Poseidão, irmão maior de Zeus, quando recém libertado: o fortíssimo Atlas ou Atlante. Atlas tinha uma explosiva mistura de orgulhoso amor e de resentido ódio a Poseidão, quem tinha forçado a sua mãe, a ninfa Clímene, filha de Helios, arrebatando-lha a seu esposo, o titán Jáfet ou Jápeto, um coração nobre que, apesar de tudo, criou Atlas  como se fosse um mais de seus três filhos legítimos com ela, sem fazer a menor diferença.
Após suas primeiras vitórias sobre os rebeldes, Crono colmou de honras e riquezas a Atlas para assegurar sua lealdade, fazendo-lhe imperador do mais evoluído país da superficie da Terra, o Continente Oceánico, que, desde então, passou a se chamar A Atlántida.

Este belo e grande reino, situado em um archipiélago ante o que hoje são os litorais ocidentais de Iberia e o norte da África, verde jardim mimado pelos deuses, estava habitado desde os tempos mais antigos pelos filhos dos titãs da Lua e do Mar mais sábios e mais fiéis, a quem Urano primeiro e Crono depois, tinham ensinado a dominar as leis naturais de tal maneira que, quando o resto do mundo mal sabia viver de outra coisa que da caça e de frutos silvestres, eles já podiam servir-se da energia dos elementos e de técnicas agrícolas que, partindo de sementes selecionadas e perfeccionadas, produziam enormes colheitas de cereais e frutas sobre campos sabiamente cultivados e fertilizados por grandes correntes espirales de canais de rego. Tinham domesticado com sua magia, também antes que ninguém, a numerosas espécies de animais, e possuíam grandes rebanhos de vacas, de cavalos e até de elefantes de raças melhoradas, aos que usavam para construir grandes edifícios.
Ademais desenvolveram a metalúrgia e a navegação a vela e sabiam deslocar-se a bordo de suas naves a enormes distâncias, tendo muitas colônias tanto para o Oeste, por onde passava de uma ilha a outra, Aliba, Sarpedona, Melousa, as Pontion e as Antilias, até um continente, rico em minas, que havia no remoto Occidente... como para o Leste, nas três Hespérias. A Grande Ilha alongada de Atlán ou Poseidonis, onde se encontrava a capital, estava no centro de um enorme golfo, formado pólos bordes peninsulares da atual costa sudoeste de Iberia (chamados a Hesperia Branca ou Erytia, que então penetravam bem mais no oceano), onde o imperador Atlante tinha entronizado a seu filho Gádir. Seu prestígio cultural e seu culto ao totem do touro influenciou aos ligures que viviam nela desde muito antes de que misturas com outras migrações de povos pelasgos fizeram que se lhes conhecesse como íberos.

Os Ligures eram os habitantes mais antigos da Europa e estendiam-se, pelo sul do continente, ao redor de um grande lago de água doce, chamado Piélago, que havia no centro do que hoje é o Mediterráneo Ocidental. Chegava até o pé dos Alpes e os Apeninos e através do norte da África, naquele tempo limitado ao sul pelo grande mar do Sahara, estreitándose até perto de Egito e, com uma prolongación de pequenos lagos ligados, para a terra de Canaán.

                Ao leste da atual Grécia desembocava o grande rio que fazia descer desde o norte as águas sobrantes do mar Negro (então chamado Grande Lago do Cáucaso), que se juntavam ali com as do Nilo, já que as costas egípcia e fenicias estavam bem mais próximas a Creta do que estão agora.

Graças a sua sabedoria ligada à raiz, a rica civilização atlántida tinha ido crescendo e crescendo, até povoar completamente todo seu território insular, de tal maneira que utilizaram seus grandes conhecimentos e poderes tecnológicos para construir pontes e diques e estender sua pátria durante vários séculos, lhe ganhando terreno ao mar. Todo um sistema de grandes rochas movíveis colocadas pelos sábios nos lugares adequados regulavam a chuva ou a seca, se dirigidas para acima ou para o solo, mantendo estável o subsolo do país, sem que lhe afetassem demassiado os terremotos ou as erupções vulcânicas que, em outros tempos, tinham produzido periodicamente grandes cataclismos. de hecho, la Atlántida había sido el mayor de los continentes durante miles de años, después se había hundido restando dos grandes islas, Ruta y Daytia, y gran parte de ellas ya había desaparecido en otra catástrofe cíclica.  El archipiélago  que rodeaba a Poseidonis era  una parte ínfima de lo que Atlántida había sido durante la Era de los Titanes.

Ao longo de centos de milênios, aquela cultura em contínuo aperfeccionamiento foi construindo um mundo modélico, um verdadeiro paraíso, chamado antigamente o Adama e depois Adán, Atlán ou Atlantis. Sábios de muitas tribos e nações empreendiam a muito longa viagem para o extremo Ocidente em busca do conhecimento dos titãs. A rota principal atravessava todo o norte de Iberia até o oceano. Ali estava o principal porto de intercâmbio entre eles e os ligures. Era fácil comerciar, mas só aos estrangeiros de muito mérito eram permitidos de se embarcar para suas benaventuradas ilhas. Os que retornavam de lá converteram-se nos mestres iniciadores de seus povos à agricultura, a ganadería, a metalúrgia, a construção, a medicina e a muitas artes e ciências mais.

Mas, como a todas as grandes nações, também lhes chegou o dia aos Adámicos, em que, demassiado ricos, começaram a falar de seus principais valores, disciplina social e virtudes peculiares como rígidas severidades e moral própria do pasado. Relaxada a disciplina cívica e a conexão com o Espírito que cuida de todos, os altos saberes de Atlán, utilizados egoisticamente, converteram-se em destrutiva Magia Negra, o qual simbolizouse pela abertura da Caixa de Pandora... Um golpe de estado dirigido pelas Forças Involutivas obrigou a se desterrar ao Imperador Legítimo e a todos os Guardiões e Vigilantes de “as Maçãs de Ouro da Árvore do Conhecimento dos Benaventurados”, isto é, ao corpo de Iniciados da Lógia Branca que mantinha-se focalizados na realização do arquetipo evolutivo da Quarta Raça-Raiz e bem ligados com os Maestros Suprafísicos que lhes transmitiam e actualizavam o Plano Divino. Os Iniciados foram substituídos por uma logia negra de feiticeiros.

Desde aquele dia o poder imperial converteu-se em vã e tiránica sobêrba e seu impulso construtivo em sensualidade, ambição e decadência, que foi piorando à medida em que as novas gerações fugiam cada vez mais da fé e do esforço e entregavam-se à satisfação hedonista dos corpos inferiores, ao consumo pelo consumo e ao escepticismo egolátrico. Os antigos Iniciados que não foram assassinados tiveram que emigrar longe com seus parentes e seguidores.

A classe dominante de seus reinos, cada vez chegava mais ao poder mediante a intriga, o fraude às leis e o assassinato, e veio o momento em que já não podia gerar mais postos de trabalho, nem sufragar serviços sociais, nem aumentar o enorme e estéril aparelho de servidores públicos parasitas que viviam dos impostos dos poucos que produziam riqueza real e das colónias subjugadas. A depressão geral era inevitável.

Então, para ocultar aos cidadãos a corrupção que estava acabando com seu império, antecipando-se à inevitável revolta que ia desencadear o mal-estar geral, o Imperador Negro lançou-se  a toda uma série de aventuras exteriores de conquista de países circundantes, que realmente não eram necessárias, mas que serviam para manter a vitalidade dos degenerados deuses titánicos (mediante magia negra, ofrendando-lhes sangue de prisioneiros), também para manter fiéis aos generais ante a possibilidade do botim, para dilapidar o tesouro público em armamento destruidor ou em obras de reconstrução, com grande ganho dos políticos intermediários, e para impor um férreo controle ao povo, a base de restringir as liberdades cidadãs, aplicando censura e a disciplina militar às vozes críticas e aos dissidentes do sistema, a quem se tachaba, como sempre, de antipatriotas.

Foi assim como, enquanto na dimensão dos deuses lutavam Crónidas e Olímpicos, os homens eram utilizados por estes como peones de jogo em seu combate sobre a dimensão física. Inspirados por Crono, os atlantes planejaram apoderar por um lado, do Egito, Fenicia e Síria (plataformas prévias para o domínio da rica Mesopotamia) e por outro, do resto de Iberia, Galia, Itália, Creta e Grécia, que por então nem se chamavam assim, nem eram territórios áridos de recortado litoral no meio de um mar interior, como agora, senão uns enormes vales selvagens, baixos e bem regados por enormes rios, já procedentes tanto das montanhas do norte onde se tinham refugiado os partidários de Zeus, como do Grande Lago do Cáucaso ao Nordeste, como do Nilo, pelo Sur.
Aquela tremenda cuenca, que acabava se derramando no enorme Lago Ligur, ao leste da Iberia, estava bordeada de uns vales arborizados tão úmidos e fértiles, e abençoada, ao tempo, com um céu tão soleado, que, se lhe for aplicado o conhecimento atlante de agricultura, forçando a sua população a trabalhar por baixos salarios nela,  poderia se converter no graneiro do mundo, diziam os jerarcas de Poseidonis para  manipular ao seu favor a  opinião dos cidadãos, No entanto, no mais alto nível, tratava-se de sitiar aos Olímpicos em seu território até submetê-los ou eliminá-los, cortando antes as ajudas e bastimentos que lhes chegavam do Próximo Oriente.

Concentradas todas suas forças em um soó impulso desde suas bases no norte da África e no sul de Iberia, começou a invasão em toda regra com uma grande frota e em pouco tempo foi o Mediterráneo Ocidental e o litoral Egípcio dominado pelos Atlantes, quem construíram ali grandes pirámides escalonadas para seus cruentos sacrifícios humanos ao sanguinario Crono, por cuja fama passa hoje o país do Nilo por ser a mais antiga e culta nação do mundo conhecido, ainda que não eram diferentes das muitas que serviam no archipiélago como lugares de culto. Tão fortes eram os oceánicos, tão imponentes suas construções e de uma forma tão cruel trataram aos invadidos que, durante um tempo, foram temidos como malvados deuses imortais por eles; e esse é ainda hoje o significado da palavra “titán” ou “gigante”, que são corrupções de “Atlán” ou de “Atlante” com as que seus inimigos os denominavam.

Os jerarcas oceánicos sabiam-no e cultivaban esse temor e essa crença. No entanto, bem como dominaram o sul, o próximo oriente e suas ilhas, e já se preparavam para assaltar desde ali a Mesopotámia, não esperavam a terrível resistência que encontraram nas tribos ligures das zonas selvagens onde hoje estão a Iberia setentrional, Itália, Iliria e Grécia, que naquele tempo eram as partes montanhosas de um só país contínuo, que formava a margem norte do Lago Ligur.

Comparados com as atuais tribos européias, por exemplo, aqueles ancestros seus não eram mais que rudes e selvagens caçadores dos bosques, mas puros, fortes e possuidores de um indomável espírito de liberdade e independência.
Dentre estes povos destacava, por ser o mais sábio, guerreiro e tenaz, uma tribo da que seus vizinhos diziam que tinha sido “criada do barro e da água pelo titã desterrado Prometeu, que lhes tinha dado a luz da civilização após roubar para eles o fogo sagrado dos deuses”, em realidade eram uma mistura de titãs acadianos inimigos de Crono e ligures, a quem seus mentores atlantes civilizaron o suficiente como pára que pudessem se opor aos imperialistas de sua mesma raça. Hoje lhes poderíamos chamar pelasgos arcaicos, ou pelasgo-ligures já que, por influência de seus mestres caucasianos, aceitaram a Zeus como pai de seus divindades ancestrais, sincretizando assim ao deus Luc com Hermes e a sua deusa Deia com Atenea, amiga, cúmplice e protetora de Prometeu. Sua sede principal era em um lugar de situação hoje desconhecida que tinham chamado Adenia, Denia ou Atenas em honra a ela.

Os pelasgo-ligures primitivos não só detiveram o avanço atlante em seus pântanos e montanhas a base de força moral, heroísmo e espírito de resistência, senão que, durante muitas décadas, os atacaram no mar e por todas suas fronteiras sem ajuda de ninguém mais, ainda que depois, à medida que libertavam territórios, foram se unindo aos outros lutadores mediterráneos cujos países tinham sido subjugados pelo império, e acabaram expulsando aos invasores de suas conquistas na Europa continental, a base de uma terca e desgastante guerra de guerrilhas.

Lutadores ligures tais como os das tribos independentes da Ibéria que, não podendo resistir o primeiro empurre dos Atlantes, tinham cruzado os Pirineus, então bem mais baixos, e se refugiaram nas espessas selvas do Ródano até que chegou por ali uma frotilha de baleáricos do lago Ligur, também exilados pelo avanço da frota dos titãs sobre suas ilhas. Unindo-se, construíram embarcações para todos e chegaram até Sardenha, passando de lá a Itália, onde juntaram-se aos pre-helenos da primeira Adenia-Atenas e lhes ajudaram a capturar ao abordagem vários barcos inimigos, para depois  tomar Creta com eles, e mais barcos.

Graças àquele importante reforço naval inesperado e com os íberos, que conheciam bem aos atlantes, se fazendo passar por eles, os pelasgo-ligures puderam entrar na fortificada capital de Canaã disfarçados e toma-la por surpresa, raptando a Europa, Alta Sacerdotisa da Deusa do Mar, que era filha de Agenor, filho de Líbia e de Poseidão (ou seja um atlante-egípcio ao que os titãs tinham feito governador do que hoje é a terra dos fenicios). Também lhes arrebataram toda a frota que eles tinham ancorada em Tiro e levaram-na à Creta.

Esta façanha foi convertida em símbolo pelos bardos no famoso mito de Zeus, transformado em touro (disfarçado de atlante), levando-se à bela Europa até Creta sobre seu lombo, onde o Rei do Olímpo se reconvirtió em águia (ou seja, recuperou sua verdadeira identidade) e a fecundó, engendrando nela a linhagem de Minos, futuro imperador dos mares, o primeiro "europeu" propriamente dito, em quem se misturavam os sangues e as culturas de Atlantis, Egito, Fenicia, Iberia e os helenos arcaicos.
Creta, que por então não era ilha, senão uma península unida ao que hoje é o sul da Grécia e Itália, se converteu na base principal de operações da frota pelasgo-ligur; os íberos exilados introduziram nela o culto do touro, as danças dos curetes (as mesmas que dançam hoje os tartesios), os rituales laberínticos e muitas outros costumes (em grande parte procedentes de seu longo contato com os atlantes), que teriam de permanecer na alma do lugar durante muitas gerações mais.

Por fim, aproveitando que os jerarcas de Atlán estavam demasiado ocupados em sofocar uma multitudinaria revolta interna, um ataque combinado naval e terrestre, desde Creta e Canaán, fez que os titanes tivessem que abandonar o rico Egito primeiro e replegarse para o Oceáno depois, tanto pela orla norte do grande lago Ligur, onde desembocavam os rios da cuenca européia, como por sua orla sul, a Líbia. O lago estava separado do oceano por um istmo de montanhas que vinham desde o Sur de Iberia até o Atlas e que marcava as fronteiras do Império Atlánte propriamente dito.

Por três vezes durante muitos anos, os pelasgo-ligures, que tinham ido assimilando muitos dos conhecimentos de seus decadentes inimigos (o qual desagradou a Zeus, que começou a ter ciúmes deles e até mandou encorrentar a Prometeu, seu iniciador) tentaram penetrar as fronteiras do império, mas, ainda que em princípio conseguiram grandes vitórias, a superioridad numérica e os recursos de Atlantis eram tão grandes, que os exércitos insulares acabavam sempre desembarcando em Iberia ou a Líbia Ocidental e recuperando as posições conquistadas.

No entanto, a última vez que o fizeram, o caudillo ateniense, um tal Alceo, ou Alción, decidiu avançar por terra e com a frota, os rodeando em forma de tenaza pelo norte de Iberia e por Mauritania, com o que pretendia embolsarlos e tomar os portos de onde lhes chegavam reforços e vituallas. A manobra deu bom resultado, a expedição de desembarco atlante foi rodeada, bloqueada e sitiada por fome, até que não lhe ficou mais remédio que se render; os portos da Hesperia Branca foram tomados e, desde eles, se rejeitaram todas as sucessivas invasões que o cada vez mais decadente império teve ânimo de tentar. O Mediterráneo converteu-se em um mar ligur.

Nos tempos que se seguiram, os imperadores Atlantes estiveram concentrados em lutar contra seus opositores dentro de seu mesmo território. Assim que já não  tiveram mais oportunidades para se dedicar a aventuras exteriores.

A guerra interna pelo puro poder egoico, guerra espantosa de magos como o mundo jamais viu, generalizou-se de tal maneira em uma raça táo apaixoada, que as poucas pessoas de boa vontade e positiva  evolução mental que ficavam na ilha de Poseidonis acabaram uníndose e saindo ocultamente em migrações pacíficas dirigidas a distantes partes do mundo.

Finalmente, o ódio entre as fações inimigas fez que facabaram ultrapassando qualquer limite de prudência na utilização de todo tipo de recursos  que a magía negra –que eles chamavam de Ciência- inventou para os homens se exterminar mutuamente. Recorrendo á manipulação de catastróficas mudanças climáticas, à provocação artificial de terremotos à contaminação sistemática de grandes territórios… com o que acabaram por destruir o delicado equilibrio que mantém estáveis as ´placas tectónicas que conformam os continentes.


Em um só dia e uma noite terrível, uma antiga falha sísmica que havia ao pé do istmo que unia Iberia com o norte da África, abriu-se como uma teia que se rasga e elevou-se  a placa tectónica, provocando que as águas varressem todo o archipiélago de Atland para ocidente. Ao chegar ao outro lado do Oceano, a onda devastadora penetrou os litorais até chocar com a estensa  cordilheira ocidentai que cruzava o centro do Atlántico de Norte a Sul,  e depois retornou em sentido inverso até bater com as elevações orientaisdo centro da Europa e do Cáucaso. Em ambos casos, o multiplicado peso da onda , fez bascular a placa de novo, se afundando a gigantesca cordilheira atlántica  e todo o litoral ocidental da Europa, enquanto se elevavam o oriental e os Pirineos, os  Alpes, os Balcães e o Cáucaso, até se derrubar definitivamente o istmo desaparecendo, com ele, as três Hesperias e todas as arrasadas terras atlánticas.
Já que grande parte do planeta  comoveu-se quando as águas do Oceano, por occidente, e as do Mar Negro, por oriênte, que então era um lago, invadiram, em uma aplastante cachoeira de duzentos metros de altura, o lago Ligur e a enorme depresão do sul da Europa, formando-se o Mediterráneo,. Também esvaziou-se nele e no Oceano todo o Mar que ocupava a depressão do Sáhara, que ficou convertida em um deserto de areia que cruza todo o norte do continente africano. Os portos pelasgo-ligures e a maior parte das suas frotas foram engolidos pelas gigantescas ondas, igual que seus antigos inimigos, se estendendo as rugentes águas até ficar unidos e nivelados Atlántico e Mediterráneo.
Muitas nações desapareceram por completo e quem conseguiram sobreviver nas cimeiras das mais altas montanhas, que agora eram archipiélagos de ilhas, voltaram ao primitivismo. O sonoro e exato idioma Atlánico ou Adámico, que servia como língua franca para a comunicação universal, escindiu-se e corrompeu-se na multidão de línguas que hoje separam aos homens. Só as pirámides construídas no Egito ficaram em pé, para testemunhar que no passado tinha existido uma tão soberbia e avançada civilização.
No entanto apesar de que o cataclismo ceifou a vida da imensa maioria da humanidade toda sua civilização, na dimensão dos deuses, os Olímpicos, mentores da Quinta Raça naciente, tinham triunfado plenamente sobre os Titãs da Quarta. Uma Nova Era começava, para mistura-a sobrevivente de ambas facções.
De todo o grande povo da Atlántida ou de seus vizinhos, só se salvaram rústicos montanheses ou aquelas pessoas mais cultas que, no momento do afundamento, achavam-se  a bordo de resistentes naves, bem longe do centro do cataclismo e que foram capazes de arrostrar as primeiras ondas devastadoras dos maremotos e suportar a fome e a sede que chegaram depois, durante muitos dias, até conseguirem por fim  desembarcar no cume de alguma alta montanha, agora convertida definitivamente em ilha.
OS SUPERVIVENTES
Foi dessa maneira que sobreviveu a linhagem de Pyrene, cujo ancestro, Noyeh ou Noel, descendente do rei Gádir de Hesperia, com mais cento nove pessoas, animais domésticos e plantas de cultivo, conseguiu desembarcar, quando as águas se acalmaram minimamente, em um monte chamado Aro, de uma serra do extremo ocidental de Iberia, que coroa e divide verdes vales fluviales costeiros, ainda hoje inundados pelo oceano, e denominados rias.
Na ladeira daquela serra plagada de antigos dólmenes, à beira do novo mar, a biz-neta de Noel, chamada Noela, Noelia ou Noia fundou mais tarde a vila de seu nome, bem perto do que tinha sido terra dos inimigos dos atlantes, os ligures pelasgos mais ocidentais, porém, não os litoráneos mais cultos, que afogáram-se, senão os indígenas lugões das montanhas, com cujos dizimados descendentes começaram a se unir os filhos dos desenvolvidos e cultos titãs, ao encontrar formosas às filhas dos nativos, a pesar de que quase eran selvagens para eles.


Os lugões estavam em uma situação tão miserável após o cataclismo, que Noel e sua família foram para eles como santos deuses iniciadores, que lhes ensinaram de novo os rudimentos da civilização.

A partir de então, os heróis, chefes e chamâs de todas as tribos arianas começaram a peregrinar para lá, como antes ia-se para a Atlántida, a fim de receber o precioso conhecimento antigo. Séculos mais tarde, quando se oferece um prêmio aos meninos, ainda se lhes diz que se comportam-se bem, o Pai Noel lhes trará presentes ao início do próximo ciclo solar.


 A Civilização Atlante, no seu período final, tinha sido fortemente patriarcalista e imperialista, mas o pequeño grupo de iniciados que tentavam continuar ligados com o Plano Divino a pesar das imposições do Imperador Negro e do egocentrismo e decadencia geral, tinham recebido da Hierarquía, atraves dos seus canais, claras instruções de unir-se a uma Nova Raça que se estivesse gestando baixo uma polaridade feminina e contribuir com seus conhecimentos a criar, desde a pureza, o amor e a simplicidade, um novo modelo de civilização verdadeiramente evolutiva.  


Jáfet ou Jápeto (a quem tinham chamado assim em lembrança do pai terrenal do imperador oceánico, Atlas), era um dos três filhos de Noel. Entendendo tão bem como o seu pai as instruções da Hierarquía, ele foi um dos primeiros, entre os chefes dos exilados, que não teve reparos em confraternizar com a então bem rústica Quinta Raça, e engendrou a Túbal em uma Mãe de Tribo lugõa pertencente ao Clã do Lobo. A mayoría dos outros refugiados atlantes, porém, tentavam reproducir sua vida anterior, uma vida na que aspiravam seguir vivendo como aristócratas, como una elite nobre  para a qual os indígenas ligures não tinham nivel senão para irem sendo adestrados com muita paciencia como serventes, os mais dóceis, ou como puros trabalhadores manuais.

Pelo contrario, Túbal, filho da primeira mestura,a pesar de seguir sendo ante seus patrícios  um verdadeiro príncipe  atlante de elegancia impecável, confraternizou desde criança com os lugões, os tratou como seus irmãos, ensinou-lhes a forjar instrumentos de metal e a construir boas embarcações e chegou a integrar-se tão bem entre eles que primeiro o aceitaram como membro do  Clã do Lobo e mais tarde, ao chegar a adulto, como Conselheiro do Chefe de Guerra da tribo, especialmente após que o viram apaixoar-se sinceramente e unir-se com uma Alta Sacerdotisa de Mari que todos respeitavam muito.

Mari era o nome da  Mãe Terra costeira ou marinha, e a sacerdotisa  chamava-se  Gal e era filha de  refugiados  pelasgo-ligures acolhidos pelos lugões e algo mais cultos que eles. Os ascendentes  de Gal habitaram, antes da inundação, o litoral de Maia, uma bela terra onde tinhan-se ido misturando com os ligures tribos de arianos lunares chegados de oriênte em distintas ondas.

       Porém, a terra onde se encontravam fora tão afetado pela inundação e era  tão pouco produtivo, que não dava para sustentar a tantos refugiados entre os que já começavam a surgir conflitos soc iais importantes. Gal estaba recebendo muitos impulsos internos para trasladar-se a outro lugarcom melhores possibilidades, e foi concordando com seu amadoTúbal, que para então já era um excelente  carpinteiro e ferreiro, na decisão de concentrar todos os seus esforços em construir três naves, com o fim de dedicar-se a  buscar, mais para o leste, terras bem mais  altas, onde talvez pudessem ter ficado campos adequados para a agricultura e  outros  sobreviventes da catástrofe aos quais se unir.  

Finalmente  embarcaram-se com algúns dos filhos dos atlantes e com aqueles jovens lugões do Clã do Lobo que decidiram os acompanhar. Suas naves exploraram as montanhas Astures, encontrándo-as praticamente despovoadas, e seguiram pela serra de Aralar, ao pé dos Pirineus, onde por fim encontraram uma boa quantidade de montanheses acadianos bascos, o povo mais antigo da Europa.

Com a maior humildade, os recem chegados suplicaram aos nativos que lhes permitissem integrar-se entre eles de forma igualitária, o que foi-se facilitando após colaborar em tudo com eles e, ao tempo, ir-lhes transmitindo o mais construtivamente básico do saber atlante que eles foram capazes de assimilar, achando-o útil para melhorar sua forma de vida, sem deixar de ser eles mesmos.

Entretanto Gal, cujo encanto e inteligencia conetada abriu-lhe cedo a confiança das sacerdotisas nativas de Amalur, chamadas “sorginas”, estaba descobrindo, da mão delas, a região mais elevada dos Pirineus, plena de acolhedores devas com os que podía comunicar-se muito bem desde o amor, e sentindo uma enorme atração por um dos seus vales, pleno de puras energías naturais e nunca até entáo habitado por seres humanos

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Confiando nas intuições de sua companheira, Túbal a quem os bascos chamavam Atland (o Atlante),convenceu aos atlantes e lugões que o tinham acompanhado da conveniencia de se establecer lá, e negociou com os indígenas a fundação da primeira verdaderira cidade da Iberia pós-diluviana, à qual deram o nome de Lur, usando o nome do tótem do Clâ do Lobo lugão, Lu, que coincidía com o nome composto que os nativos basções davam á Força vital da Natureza, Ama-lur…    ainda que os descendentes daqueles indígenas preferiram lembrar aquela cidade  depois como Tubália.


             Assim foi como no centro mais elevado das montanhas pirenaicas,  a nova linhagem atlante-ariana-basca, bem ligada á boa guía da Mãe Divina, foi construindo e fazendo crescer à cidade de Lur, e até chegou a dispor de gente e forças suficientes como para expandir-se. Aos poucos, a base de establecer relações de mutua cooperação com as tribos montanhesas, foram-se  criando as bases de um civilizado reino ao longo de toda aquela cordilheira, de mar a mar. Túbal o  Atlante teve três filhos de sua amada Gal, duas fémias e um varão: Lys-Noela, Galjáfet e a primeira Pyrene.

Lys-Noela era tan pura e luminosa desde criança que em todos florecía o melhor de si mesmos ante a sua presença. Ao chegar à adulta, decidiu consagrar-se inteiramente como sacerdotisa de Mari. Como sentía claramente que  Mari e Ama-lur eram a mesma energía com distintos nomes, conseguiu, apoiada por Túbal e Gal, ajuda geral para  levantar um templo dedicado, simplesmente, à Divina Mãe,  na entrada de uma caverna  que as sorginas consideravam sagrada, em uma zona alta que devia ser, em adiante, preservada pelas sacerdotisas como santuário natural. O templo –caverna  era  tão artísticamente fermoso  e  harmónico que atraiu visitantes de toda a cordilheira. Seguiu-se a criação de uma Escola de Formação Espiritual e uma Casa de Cura servidos ambos  por um Monastério de Sacerdotisas, o que obrigou a construir novas instalações para dar alojamento e serviços a tanto peregrino. Os bascos acabarm por chamar ao conjunto “o Palaço de Atland”.


        Porém, a prospera felicidade  de Túbal acabou por despertar a inveja e cobiça do homem que era o melhor amigo de Túbal desde a infancia, aquele  companheiro em quem tinha depositado sua máxima confiança, conseguindo para ele da Assembéia o cargo de Conselheiro de Segurança e de Comandante dos Guardiões e Vigilantes de Lur. Tratava-se de um alto e forzudo  titão descendente de aristocráticos atlantes toltecas chamado Aneto, que, com aquela paixão desenfreada que caraterizava á Quarta Raça Raiz, foi enloquececendo em secreto por Gal.

Aquela paixão frustrada, porque Gal, ainda que tinha uma boa relação com ele, adorava plena e claramente a Túbal, fazia sofrer continuamente ao gigante,  gestando nele o corrosivo virus da separatividade.

A separatividade foi contaminando a influencia política que Aneto exercía, Agora que Lur estaba crescendo tanto, os descendentes de atlantes retornavam ao sua antiga sobérba de quererem formar uma elite de civilizada nobreza que reconstruisse uma Nova Atlantis naquelas montanhas, desconsiderando aos rústicos arianos e bascos, que não tinham referências culturais suficientes para poder apreciar o estilo e caráter de tão magno projeto.

Assim, Aneto começou a conspirar junto a um grupo de afins, realizando intrigas e maniobras calumniosas que foram desprestigiando ante o Conselho de Lur aos principais líderes  arianos e indígenas, e fazendo, aos poucos, que os principais cargos da cidade fossem monopolizados pela elite de atlantes.

Chegou um momento em que  aquele jogo político se fez tão competitivo e até tão sujo que Túbal viu que era imperativa uma purificação e retornar ao espírito igualitário que tinha inspirado a Fundação. Primeiro tentou razoar com argumentos e chamadas ã consciência e à irmandade, mas nada conseguiu de positivo. Finalmente considerou que aquilo não podía seguir assim, e denunciou diretamente a perversão daquelas concepções exclusivistas e egoístas que estavam crescendo, e solicitou ao Conselho submeter à  votação maioritária, no prazo de um mes, um documento de Constitução Ética, impecavelmente  fraternal e igualitária, redatada com o maior cuidado por ele e seus principais conselheiros e revisada  e aprovada pelas sacerdotisas da Divina Mãe.

Aneto não quis arriscar que seus projetos desabaram ante uma votação maioritária,  e sobornou a um assasino para que, antes de cumprir-se o mes, atravesasse a Túbal com uma flecha traiçoeira.

Segiu-se un golpe de estado, e Aneto tomou con seus partidários a capital e o Palaço do Governo. Lys-Noela e suas sacerdotisas não aceitaram se render, e atrincheraram-e  no interior do Palaço de Atland, que foi cercado e bloqueado pelos alçados.

Gal, sus hijos Galjáfet y Pyrene y algunos fieles  tinham escapado al campo, pero Aneto consiguió alcanzarlos y reducirlos. Quando a teve ante si sem testemunhas, confesou ante ela que todo o tinha feito por fazé-la sua a qualquer custo, e avançou disposto fazer realidade sua obsessão. Então, a Alta Sacerdotisa chamou ao titâ louco e assasino e amaldiçou-lhe com todas as  suas forças, invocando a ayuda da sua Deusa Mari.

Cuentan las leyendas pirenaicas que Ama-lur  hizo que su compañero, el dragón celeste, escupiese inmediatamente un rayo de fuego sobre el titán Aneto, que quedó calcinado, fosilizado y convertido en la enorme montaña que ahora cubre el Palacio de Atland y la Ciudad de Lur que,  desapareciendo de repente de la dimensión más densa, sólo siguieron existiendo en más elevados  Planos Internos, comandados por el espíritu de Lys-Noela.

Ante aquella desolación, Galjáfet dejó entonces los Pirineos y regresó con su madre Gal y con lo mejor del Clan del Lobo a reestablecerse en su antigua tierra de Maia, extendiéndose, además  por la costa atlántica hacia norte y sur, donde ya se había estabilizado un verde y bello país.
     
Pero Gal ya no encontraba gracia a seguir viviendo en el mundo común, que parecía incapaz de superar sus terribles limitaciones. Consagrándose totalmente a la Diosa Mari, abandonó la corte de Maia  y se retiró como ermitaña a una gruta frente al mar, más al Sur, en la solitaria desembocadura del río Lis en el Océano.  Cuando Galjáfet iba a visitarla, le contaba que la Diosa la preparaba, introduciendo en ella nuevos códigos lumínicos, para irse a vivir, en el cuerpo de luz que estaba desarrollando, a una dimensión más sutil, una ciudad intraoceánica donde continuaba la evolución de los espíritus más desarrollados de la antigua Atlántida, entre ellos el de su amado Túbal,  situada en la Cuarta Dimensión de la Consciencia.

La última vez que Galjáfet fue a verla, Gal había desaparecido y no pudo hallarla por parte alguna. Se tranquilizó cuando, en un sueño muy vívido, pudo ver a sus padres juntos, felices  y bendiciéndole desde la Nueva Atlántida Intraoceánica, un reino sutil y maravilloso de amor, sabiduría y pureza esencial.

La primera hija de Galjáfet, la segunda Gal, reinó sobre Maia y fue la antepasada física de las tribus Galaicas y Lusitanas.


O segundo filho de Galjáfet chamou-se Bébrix, pai da segunda Pyrene e de Antía ou Andía, e acabou inteirando-se de que nas sierras nevadas do sul de Iberia e no Rif e o Atlas norteafricano, e até na longínquas Grécia, Frigia, Fenicia, o Cáucaso, Etiópia, outros navegantes atlantes sobreviventes também tinham conseguido encontrar terras emergidas e formar novos reinos a costa dos nativos, muito inferiores em conhecimentos... e quem sabe se, igualmente, também conseguiriam desembarcar alguns sobreviventes nas ilhas bienaventuradas do Extremo Ocidental do Oceano.

Os reinos mais próximos a Bébrix eram os de Gerión e Anteo, quem afirmavam descer, o primeiro, dos últimos dirigentes do desaparecido império, e o segundo, dos reis de Antilia ou Antilla, que era a ilha situada mais ao oeste de Atlantis, a idílica terra das palmeras; de modo que enviou-lhes embaixadas, para brindar-lhes sua hermandad e sua colaboração.

Mas, ainda que ambos patrícios lhe responderam com presentes e manifestações de fraternidad, estas só resultaram ser uma suja táctica para lhe atrair a Atlantesos, o país que agora se chama Tartessos, a capital de Gerión, onde o pai de Pyrene foi vilmente envenenado em um banquete e sua comitiva aprisionada, já que Gerión e Anteo se tinham posto de acordo em se repartir os antigos territórios de maior influência atlante, Iberia toda para o primeiro e o Magreb e a Líbia para o segundo.
Ato seguido, Gerión enviou a seus três exércitos a conquistar o reino montanhoso de Bébrix. Um, pelo oeste, ocupou a sagrada costa atántica onde tinham desembarcado os antepassados. Outro pelo centro, dividiu o reino em dois pedaços. O terceiro, pelo este, ainda tentava acabar de fechar a tenaza.

...De maneira que os guerreiros que Hércules se tinha encontrado com Pyrene resultaram ser os últimos resistentes do setor mais acossado, aqueles que se tinham encastillado nas intrincadas montanhas da cordillera oriental, e que ficavam separados do centro do reino, o qual resistia no alto das montanhas bascas baixo o comando da irmã menor da princesa atlante, Andía, além de alguns irreductibles nas cimeiras cántabras e astures. Ambas se tinham posto de acordo em que a coroa de seu pai seria para a que conseguisse fazer mais por unificar de novo o antigo território de Bébrix.

Foram estes guerreiros quem contaram ao coloso que os rebanhos de vacas e bois vermelhos que Euristeo lhe tinha ordenado que lhe levasse, eram o que se tinha salvado da antiga ganadería do paraíso Atlán, durante muitos séculos sabiamente selecionada e melhorada, que daria, em uns pastos verdes como os do norte de Iberia, a onde se iam transladar no verão, a melhor carne e leite do mundo.

(Orfeu estava assombrado, escutando aquela nova versão da Grande Inundação que tinha destruído a civilização principal da Era Anterior, ouvida de lábios de um rústico vate das montanhas ibéricas, que não fazia senão repetir, razonándolo, o que pode aprender de outros bardos e que coincidia no essencial com o que lhe tinha contado Hércules em Creta, inclusive o relativo à mãe de Hermes, com o relato do jonio Arron e, em entrelíneas, atrás do mito, com a História Evolutiva do Mundo que se transmitia em segredo aos iniciados de segundo grau dos Mistérios de Samotracia. A própria Samotracia era uma dessas altas montanhas do norte da antiga Pelasgia que se tinham salvado das águas do Diluvio, igual que a ilha de Lemnos, ou Creta, ou o Parnaso em Fócide, em onde se contava que tinham desembarcado de seu arca Decaulião e Pirra, descendentes de Prometeu.

O pico de Samotrácia acolheu a um pequeno número de sobrevivientes dos pelasgos arcaicos, em sua maioria varridos pelas ondas, e agora é a ilha de Samos-em-Tracia, território sagrado onde como poucos  e Escola Inicial respetadísima, mais que as de Delfos ou Eleusis, onde se transmite o conhecimento prático e renovado dos mais antigos deuses da Era dos Titanes, os mesmos que tinham os atlantes, os poderosos Kabiros, ou a Irmandade da Luz, os senhores dos sete raios da evolução material, espíritos ígneos da Vida Eterna que estão por trás de todas as aparentes transformações de todos os reinos naturais.

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