terça-feira, 13 de setembro de 2011

63- CAPITULO FINAL DO ROMANCE "VIAJEM DE ORFEU AO FIM DO MUNDO"



Ao entardecer do dia seguinte, trinta ménades muito embriagadas, em pleno furor sagrado, armadas com tirsos e com paus, comandadas por uma vingativa Aglaonice cheia de cicatrices, invadiram de repente o acampamento de Orfeu, quando estava começando a tocar para um grupo de cinco garotos.

-Orfeu, apodrecido pederasta mentiroso! –gritou Aglaonice colérica- Esse é o amor fiel que guardas a tua mulher, tão jovem falhecida! Como tu amas sua lembrança, desprezas às mulheres feitas, porém, consolas-te com os efebos! –avançou para ele batendo-o fortemente com o tirso em um ombro -Viadão! Pervertido!- e bateu-o outra vez, quebrando-lhe a lira que ele tinha entre as mãos.
-Pederasta! Corruptor de meninos!- gritou a obesa Metis, lançando-lhe uma grosssa pedra que feriu-o no pescoço antes de que ele pudesse falar para defender-se. Isso foi o sinal para aquela manada, todas as ménades juntas, começar a pegar pedras e paus e lançar-lhos contra ele entanto que o insultavam. Os cinco efebos perderam-se as pressas, monte abaixo, em diferentes direções.

Orfeu, atingido por uma pedra em pleno rosto, caiu de joelhos. Da grota saiu correndo o jovem mudinho loiro, cruzou ante as desenfreadas bacantes e abraçou-se a ele, querendo protegé-lo com seu próprio corpo. Aglaonice pegou um pau grosso das mãos de outra ménade, xogou-se sobre ele com raiva e esmagou a sua nuca. Caiu imediatamente ante Orfeu..

-Eurídice!- gritou ele, abraçando com paixão o cadáver do efebo. Foi o último que disse; atingido na cabeça por muitas pedras, ficou tendido para sempre sobre seu amante. 


Aglaonice parou às ménades com um alarido, estendendo os braços em aspas. Deixaram de cair pedras. Então avançou para os mortos, com uma lucidez súbita se lhe revelando no méio das trevas da sua fúria vingadora. Afastou a um lado o corpo de Orfeu, volteóu o do efebo e rasgou a sua túnica, que deixou ao descoberto uns seios femininos apenasl incipientes, tal como os de uma menina. Após isso, levantou-lhe a túnica por abaixo e ficou lívida.
-Eurídice! -gritou- Eurídice! Eurídice! Eurídice! -repetiu, entanto que examinava aquele corpo por toda parte com assombro total -Eurídice! -repetiu erguendo-se e dando voltas sem sentido ao redor dos cadáveres sobre o chão ensangretado, cheio de pedras e paus, enquanto as ménades começavam a tocar seus instrumentos e a gritar "Evoé!" sem entender o seu desvarío.

-Orfeo e Eurídice! -gritou ante os corpos, espantada- Unidos por mim para sempre! -e de novo xogou a correr despavorida, ouveando como uma loba louca montanha abaixo, com sua túnica revoando atras dela, asas fantasmaiss, ao mesmo tempo em que as ménades iniciavam a sua dança mais selvagem, aquila na que despedaçavam os corpos sacrificados. 


O sol poente tornava vermelho todo o horizonte, cujas nuvens semelhavam uma porta através da qual um par de estilizadas figuras, unidas pelas mãos, estivessem ascendendo juntas para o alto.


Verão -Outono 2003. 
Revisado em 2012
Manuel Castelin

Cap de Creus, Finisterre, Vigo. Espanha




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