domingo, 11 de setembro de 2011

CAPÍTULO 1- DESPEDIDA EM TRÁCIA

PARTE PRIMEIRA:
INICIAÇÔES EM ORIÊNTE
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DESPEDIDA EM TRÁCIA

Anónimo Anónimo


             -...O que é? –musitou Eurídice, subitamente preocupada.
              -Que tenho renunciado a meu direito ao trono em favor de meu irmão -disse de uma Orfeu, fitando-a aos olhos.
                -Mas como!... E por que?
              -Porque queiro ser rei de mim mesmo, Eurtídice. Porque aspiro a viver minha própria vida e não a do meu pai, que é a do meu avô... porque não queiro ser casado com quem não quero, por causa de razões de estado... –seguiu rodopiando o quarto, depois parou-se no seu centro, fitou-a e disse:
                 -Já está feito. Não vou ser rei da Trácia. Serei músico. Bardo, um bardo aventureiro, rei de si mesmo, um homem livre, um artista... Sim, isso é o que queiro ser: um artista da vida.
-Tenho algo mais para te contar. Vai surpreender-te. É melhor tu te sentar. 

Contra o que esperava, Eurídice sorriu, veio até ele e jogou-lhe os braços ao pescoço.
             -Artista da vida já o és agora -disse-. Terás que te converter no rei dos artistas.
               -Tu não estás brava por eu ter renunciado à coroa? –estranhou-se Orfeu- Tinha-te prometido que serias minha rainha.
               -Serei a rainha de um rei de artistas -disse ela sem deixar de sorrir.
                 Orfeu abraçou-a com paixão, profundamente comovido pelo jeito de amar-lhe de Eurídice: ela o queria por ele mesmo, fossem cuais fossem as suas circunstâncias. Adaptava-se a elas e aceitava-o como ele quisesse ser. A plena confiança.

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