domingo, 11 de setembro de 2011

15 (3)- A MORTE DE EURÍDICE

A MORTE DE EURÍDICE

Anónimo Anónimo
Orfeu e Eurídice tinham conseguido desprender-se dos convidados ao casamento, montar juntos sobre um cavalo branco e galopar até a casa. Entrado o cavalo e fechado o portão a suas costas, Orfeu pôs pé em terra e ajudou a sua recente esposa a descer.
<!--[if !supportLineBreakNewLine]-->
<!--[endif]-->
Ficaram um momento assim, peito a peito, se olhando ternamente aos olhos, engalanados ambos com seus tão formais, luxuosos e pesados trajes de casamento que lhes tinham feito suar todo o dia, até que ele deu um grito de menino travieso, correu, sustentando entre seus braços, até a cisterna d´água que tinha no centro do jardim e xogou-se com ela dentro.
<!--[if !supportLineBreakNewLine]-->
<!--[endif]-->
Ascenderam à superfície jogando e rindo como chiquillos, ao mesmo tempo em que se arrancavam a roupa o um ao outro, se abraçavam, se beixavam. Eurídice conseguiu sair, médio nua, da piscina e lançou-se a correr pelo jardín, brincando a amplificar o desejo. Orfeu seguiu-a, conseguiu apanhá-la pela cintura, voltou-a à empurrar à cisterna e ele xogou-se atrás. Ela lhe arrojou água à cara, esquivou-no e conseguiu sair correndo pelo jardim de novo; ele a seguia, mas tropeçou e caiu, dando-lhe tempo suficiente para se esconder por trás das árvores, ainda que ela continuava o chamando e o incitando.
<!--[if !supportLineBreakNewLine]-->
<!--[endif]-->
Esse era o momento que Llilith tinha esperado durante longas horas: saiu rapidamente de onde estava escondida, reptó até as raízes da árvore e desde ali fincou seu ódio e seu ressentimento, com toda sua força, no tornozelo de Eurídice.
Um grito agudo assinalou a Orfeu a árvore depois do qual estava escondida sua juguetona esposa; chegou até ali correndo, com um grande sorriso, disposto a capturá-la e gozá-la; mas ela acabava de desplomarse em um parterre de flores malvas, amarelas e violetas e uma fila de serpente tratava de ocultar entre as folhas secas que tinha ao pé do tronco.
-Meu amor! –gritou inclinando-se sobre ela- Que te acontece? -mas ela mal acertou a sujeitar fortemente com sua mão a sua, enquanto seu corpo nu se convulsionaba. Orfeu descobriu o fiinho de sangue que manava por seu tornozelo e a picada de cobra; aplicou imediatamente ali seus lábios, succionou, cuspiu, succionou outra vez, gritou muitas outras pedindo ajuda sem conseguí-la. A ninguém se lhe ocorre ir à casa de uns recém casados, por muito que gritem.
A mão de Eurídice afrouxava-se e ele percebeu com angústia que ela estava indo embora; ficou totalmente inerte, com os olhos abertos, vidriosos, e sua respiração fazia-se cada vez  mais dificultosa. Orfeu, abaladado de dor, vendo como Eurídice agonizaba entre seus braços, correu até o cavalo para tomar sua flauta, obrigou a sair de seu esconderijo e capturou imediatamente à cobra com sua música, a acossou contra a esquina de um muro de pedra e a torturou tocando sons violentos que a faziam revolver-se por dentro, tentando de arrancar-lhe o conhecimento de como fazer para contrastar seu veneno; mas Llilith respondeu, com cruel sarcasmo, no méio do seu tormento, que qualquer remédio para o ódio criminoso que ele tinha acordado nela era inútil:
-...O único que poderás fazer por tua Eurídice será a ir buscá-la ao mesmo país dos mortos!
Justo nesse momento, a seu lado, Eurídice deixou sair seu último suspiro com um leve gemido e ficou olhando ao céu com os olhos abertos, assombrados.
Orfeu, enlouquecido, agarrou a cobra-a pela cauda e bateu com ela contra o muro muitas vezes, depois a pisoteou brutalmente e xogou-lhe pedras por cima, até deixá-la convertida em um amasijo informe.
<!--[if !supportLineBreakNewLine]-->
<!--[endif]-->

Nenhum comentário:

Postar um comentário