terça-feira, 13 de setembro de 2011

58- RITUAL DE ENTRADA


RITUAL DE ENTRADA


Dez dias após ter começado a percorrer o laberinto diariamente, Donnon passou várias horas perguntando-lhe a Orfeo o que tinha aprendido ali e, satisfeito das respostas, lhe disse que díxolle que sua água corporal já transbordava de conhecimento lúcido e autoconvicción, e que o considerava suficientemente preparado para voltar a chamar muito próximo do Hades.
-Agora deverias melhorar um pouco teu aspecto externo –lhe sugeriu-. Tens algo que se possa trocar?
Orfeo assentiu; tinha uma provisão de pequenas lascas de prata das que lhe tinham dado ao longo do Caminho, enquanto tocava nas praças dos povos, para se ganhar a comida ou o alojamento.
-Pois amanhã pela manhã há feira no povoado nerio; podemos ir ali um momento, nos barbearemos, nos daremos o gosto de um civilizado banho quente e compraremos roupa e calçado para celebrar ao homem novo.
À tarde seguinte, regressaram muito contentes do povo, vestidos ambos com seus melhores galas: o tracio estreando túnica blancay sandalias e Donnon com prendas semelhantes, que Orfeo tinha fazer# qüestão de que lhe aceitasse, além de fornecimentos e de outros presentes que comprou para ele. Sobre o ara que tinha no alto do Laberinto, queimaram flores e perfumes, ofrendando à Vida o laberinto personalizado que representava o percurso vital de Orfeo. Ao mesmo tempo, o instructor fez-lhe tomar sua última copa de água de poder, agradecendo ao Universo pela consecución do que desaba e confirmando seu compromisso com o cumprimento atento de seu próprio destino escolhido. Por último, quando começava a entardecer, baixaram à praia.

Duas pessoas estavam esperando por eles lá abaixo. Orfeo surpreendeu-se: eram a alta sacerdotisa do Templo do Amor e o “Homem do Roble”.
Donnon disse-lhe, enquanto iam a seu encontro, que “Os que Sabem” tinham vindo a lhe prestar sua ajuda para descer ao Hades, mas que as condições do ritual adequado, se as aceitava, eram as seguintes:
-Deverás permanecer sem pronunciar nem uma palavra a partir de agora. Tens total liberdade para marchar-te tranqüilamente quando queiras, se o desejas. Bastará um gesto de despedida para ficar bem. Também podes seguir até o final. Mas sempre em silêncio.
Assim que ele chegou perto, Thais se colocou sua máscara de Lua. Não estava ali como amiga, senão representando à Deusa.

Efetivamente, não o saudaram como se saúdam os amigos ou conhecidos, senão de uma maneira séria e ritual. O ermitaño levava uma grande copa de varro cocido entre as mãos de estilo bárbaro, muito antigo, com dois asas em forma de serpentes enrolladas ao redor dela, que estava coberta com uma tampa arrematada por um sol sobre uma média lua.
-Normalmente, ninguém pode descer ao Inframundo em um corpo mortal e sobreviver –disse com voz neutra “O Homem do Roble”-. Mas podemos preparar a teu espírito para que fique liberto dessa limitação. Se tu desejas que assim seja, faz uma inclinação de cabeça.
Orfeo olhou a Donnon, que mal esboçou um sorriso de simpatia, sem lhe animar nem desanimarle. Os olhos de Thais, depois da máscara, nem pestañeaban. Entendeu que esperavam dele uma decisão livre, sem influências. Inclinou a cabeça, assentindo.
A sacerdotisa começou a caminhar para as rochas, o “Homem do Roble” seguiu-a com seu cálice, como em procissão, Donnon, com um gesto lhe convidó a continuar detrás e ele fechou a fila.
Dobraram a esquina da praia pelo caminho que ia à Unha de Pedra, se detendo ao outro lado do lugar onde o bardo tinha visto a Eurídice em seu sonho, em frente ao mar. Naquele saliente isolado ninguém mais poderia lhes observar. O ermitaño colocou a copa sobre uma peña, solenemente. Depois acendeu uma vela com yesca ante ela e começou a cantar uma monótona salmodia em sua língua. A sacerdotisa colocou-se depois da peña, com ambas palmas abertas à altura do peito, dirigidas ao cálice. Donnon fez-lhe fechar o círculo e também se concentrou.
O “Homem do Roble” voltou-se para Orfeo e disse-lhe, muito devagar e claramente, como se quisesse que o gravasse em sua memória:
-O viajante que tem o valor de se mover através das diferentes dimensões da existência deve recordar que todas e qualquer delas são puras criações mentais de sua Ser e que só se centrando em sua Ser Eterno, e não em sua personalidade circustancial, se centrará no sólido e real que origina todas as aparências e as trasciende –depois se voltou e seguiu com sua canturreo.

Quando o sol poente tocou o mar, a sacerdotisa sacou uma varita de madeira de sua túnica e, levantando a tampa, revolvió o líquido que continha. Depois deixou a varita sobre a rocha alçou o cálice para ocidente e consagrou-o em nome do Amor, pedindo-lhe “que dissolvesse qualquer vacilação ou dúvida e que coagulase a certeza do poder da divina criatividade de nossa esencia interna actuando em nossa vontade externa”. Subiu-se um pouco a máscara e bebeu, muito lentamente, um longo engolo.
O ermitaño recebeu a copa dela e também bebeu. Depois Donnon. Orfeo foi o último.
Provou um sorbo: era uma espécie de licor endulzado com mel, com algumas ervas ou frutos triturados e fervidos que o espessavam ligeiramente e o aromatizaban; sabia forte e gustoso. Deu um engolo longo e lento, paladeando um momento, como seus colegas. Depois passou-lho à sacerdotisa.
Teve uma segunda e uma terceira rodada silenciosa, enquanto o sol fundia-se com o mar. Quando se acabou o licor, Thais depositou de novo o cálice sobre a rocha e elevou seus braços para rogar aos poderes ultradimensionales que fossem misericordiosos e complacientes com o peticionario. Depois ela e o ermitaño se inclinaram de forma ritual, apagaram a vela, recolheram a vasija e se marcharam sem mais despedidas.
-Agora, só tu contigo mesmo, Orfeo -terminou Donnon a cerimônia, lhe olhando com cariño e lhe dando um abraço.
, mostrando a infinita unicidad de todo e a ilusão mental que é a morte definitiva e cuja missão é cultivar, como jardineiros cósmicos, raças melhoradas de seres elementares, minerales, vegetales, animais, humanos, suprahumanos e seres estelares, uma depois de outra, ao longo de dois ciclos espirales que fazem que primeiro as emanações subtis do ser se vão densificando, involución, até que chega um ponto de reversión em que o processo se investe e a matéria já espiritualizada começa a sutilizarse, evolução, para voltar à origem carregada com o conhecimento de si mesmo que o Ser realizou com essa inmersión sua, através de innúmeras células perceptivas, em suas partes mais remotas e sombrias.
A lço longo do processo, vão encarnando as mónadas mais individualizadas e evoluídas no reino seguinte em elevação de consciência, desde que o mundo é mundo, a partir de arquetipos divinos que fecundan a matéria plástica eterna da matriz universal. Também se dizia ali que, depois da derrota dos titanes e a reconstrução do mundo, Zeus se engoliu ao andrógino primordial, o assumindo em si mesmo, para depois colocar sua semente em Me lhe sê, engendrando com ela a Dionisio). 



Dez dias após ter começado a percorrer o laberinto diariamente, Donnon passou várias horas perguntando-lhe a Orfeo o que tinha aprendido ali e, satisfeito das respostas, lhe disse que díxolle que sua água corporal já transbordava de conhecimento lúcido e autoconvicción, e que o considerava suficientemente preparado para voltar a chamar muito próximo do Hades.
-Agora deverias melhorar um pouco teu aspecto externo –lhe sugeriu-. Tens algo que se possa trocar?
Orfeo assentiu; tinha uma provisão de pequenas lascas de prata das que lhe tinham dado ao longo do Caminho, enquanto tocava nas praças dos povos, para se ganhar a comida ou o alojamento.
-Pois amanhã pela manhã há feira no povoado nerio; podemos ir ali um momento, nos barbearemos, nos daremos o gosto de um civilizado banho quente e compraremos roupa e calçado para celebrar ao homem novo.
À tarde seguinte, regressaram muito contentes do povo, vestidos ambos com seus melhores galas: o tracio estreando túnica blancay sandalias e Donnon com prendas semelhantes, que Orfeo tinha fazer# qüestão de que lhe aceitasse, além de fornecimentos e de outros presentes que comprou para ele. Sobre o ara que tinha no alto do Laberinto, queimaram flores e perfumes, ofrendando à Vida o laberinto personalizado que representava o percurso vital de Orfeo. Ao mesmo tempo, o instructor fez-lhe tomar sua última copa de água de poder, agradecendo ao Universo pela consecución do que desaba e confirmando seu compromisso com o cumprimento atento de seu próprio destino escolhido. Por último, quando começava a entardecer, baixaram à praia.

Duas pessoas estavam esperando por eles lá abaixo. Orfeo surpreendeu-se: eram a alta sacerdotisa do Templo do Amor e o “Homem do Roble”.
Donnon disse-lhe, enquanto iam a seu encontro, que “Os que Sabem” tinham vindo a lhe prestar sua ajuda para descer ao Hades, mas que as condições do ritual adequado, se as aceitava, eram as seguintes:
-Deverás permanecer sem pronunciar nem uma palavra a partir de agora. Tens total liberdade para marchar-te tranqüilamente quando queiras, se o desejas. Bastará um gesto de despedida para ficar bem. Também podes seguir até o final. Mas sempre em silêncio.
Assim que ele chegou perto, Thais se colocou sua máscara de Lua. Não estava ali como amiga, senão representando à Deusa.

Efetivamente, não o saudaram como se saúdam os amigos ou conhecidos, senão de uma maneira séria e ritual. O ermitaño levava uma grande copa de varro cocido entre as mãos de estilo bárbaro, muito antigo, com dois asas em forma de serpentes enrolladas ao redor dela, que estava coberta com uma tampa arrematada por um sol sobre uma média lua.
-Normalmente, ninguém pode descer ao Inframundo em um corpo mortal e sobreviver –disse com voz neutra “O Homem do Roble”-. Mas podemos preparar a teu espírito para que fique liberto dessa limitação. Se tu desejas que assim seja, faz uma inclinação de cabeça.
Orfeo olhou a Donnon, que mal esboçou um sorriso de simpatia, sem lhe animar nem desanimarle. Os olhos de Thais, depois da máscara, nem pestañeaban. Entendeu que esperavam dele uma decisão livre, sem influências. Inclinou a cabeça, assentindo.
A sacerdotisa começou a caminhar para as rochas, o “Homem do Roble” seguiu-a com seu cálice, como em procissão, Donnon, com um gesto lhe convidó a continuar detrás e ele fechou a fila.
Dobraram a esquina da praia pelo caminho que ia à Unha de Pedra, se detendo ao outro lado do lugar onde o bardo tinha visto a Eurídice em seu sonho, em frente ao mar. Naquele saliente isolado ninguém mais poderia lhes observar. O ermitaño colocou a copa sobre uma peña, solenemente. Depois acendeu uma vela com yesca ante ela e começou a cantar uma monótona salmodia em sua língua. A sacerdotisa colocou-se depois da peña, com ambas palmas abertas à altura do peito, dirigidas ao cálice. Donnon fez-lhe fechar o círculo e também se concentrou.
O “Homem do Roble” voltou-se para Orfeo e disse-lhe, muito devagar e claramente, como se quisesse que o gravasse em sua memória:
-O viajante que tem o valor de se mover através das diferentes dimensões da existência deve recordar que todas e qualquer delas são puras criações mentais de sua Ser e que só se centrando em sua Ser Eterno, e não em sua personalidade circustancial, se centrará no sólido e real que origina todas as aparências e as trasciende –depois se voltou e seguiu com sua canturreo.

Quando o sol poente tocou o mar, a sacerdotisa sacou uma varita de madeira de sua túnica e, levantando a tampa, revolvió o líquido que continha. Depois deixou a varita sobre a rocha alçou o cálice para ocidente e consagrou-o em nome do Amor, pedindo-lhe “que dissolvesse qualquer vacilação ou dúvida e que coagulase a certeza do poder da divina criatividade de nossa esencia interna actuando em nossa vontade externa”. Subiu-se um pouco a máscara e bebeu, muito lentamente, um longo engolo.
O ermitaño recebeu a copa dela e também bebeu. Depois Donnon. Orfeo foi o último.
Provou um sorbo: era uma espécie de licor endulzado com mel, com algumas ervas ou frutos triturados e fervidos que o espessavam ligeiramente e o aromatizaban; sabia forte e gustoso. Deu um engolo longo e lento, paladeando um momento, como seus colegas. Depois passou-lho à sacerdotisa.
Teve uma segunda e uma terceira rodada silenciosa, enquanto o sol fundia-se com o mar. Quando se acabou o licor, Thais depositou de novo o cálice sobre a rocha e elevou seus braços para rogar aos poderes ultradimensionales que fossem misericordiosos e complacientes com o peticionario. Depois ela e o ermitaño se inclinaram de forma ritual, apagaram a vela, recolheram a vasija e se marcharam sem mais despedidas.
-Agora, só tu contigo mesmo, Orfeo -terminou Donnon a cerimônia, lhe olhando com cariño e lhe dando um abraço.
, mostrando a infinita unicidad de todo e a ilusão mental que é a morte definitiva e cuja missão é cultivar, como jardineiros cósmicos, raças melhoradas de seres elementares, minerales, vegetales, animais, humanos, suprahumanos e seres estelares, uma depois de outra, ao longo de dois ciclos espirales que fazem que primeiro as emanações subtis do ser se vão densificando, involución, até que chega um ponto de reversión em que o processo se investe e a matéria já espiritualizada começa a sutilizarse, evolução, para voltar à origem carregada com o conhecimento de si mesmo que o Ser realizou com essa inmersión sua, através de innúmeras células perceptivas, em suas partes mais remotas e sombrias.
A lço longo do processo, vão encarnando as mónadas mais individualizadas e evoluídas no reino seguinte em elevação de consciência, desde que o mundo é mundo, a partir de arquetipos divinos que fecundan a matéria plástica eterna da matriz universal. Também se dizia ali que, depois da derrota dos titanes e a reconstrução do mundo, Zeus se engoliu ao andrógino primordial, o assumindo em si mesmo, para depois colocar sua semente em Me lhe sê, engendrando com ela a Dionisio). 

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